Três Gurias Atelier

     Devo conhecer essas meninas a uns dez anos, acho desde que cursavam Moda e eu me aventurava pelos primeiros casamentos. No final de 2009 fotografei a festa de formatura da Carol e nessa época elas já trabalhavam juntas na metade de uma sala comercial que compartilhavam com a mãe da Carol.

     Já no ano passado, estive na feira de noivos Bem Casados (que por sinal, tem outra edição esse mês) e presenciei um desfile de noivas com vestidos delas e achei bem diferenciado. Padrão gringo mesmo. Então comecei a acompanhar o trabalho dessas meninas mais de perto.

     Para vocês terem uma ideia, foram elas que fizeram o vestido da Raquel daquela sessão irada que aconteceu nos Alpes Bavaros, lá na Alemanha, final do ano passado. Se você ainda não viu, vou deixar o link AQUI. Sim, elas produzem vestidos para noivas do Brasil todo e de fora.

     Dias atrás tive a ideia de mostrar um pouco da produção desses vestidos e do lugar, então nessa última terça aproveitei que estávamos todos em Pelotas e passei lá no atelier para fazer umas fotos. Elas me mostraram alguns modelos que estão trabalhando no momento, falamos sobre o mercado, trocamos dicas de apps e conversamos sobre tendências para noivas que se casam no frio. Mostraram que você pode sim se casar no inverno, sem precisar se cobrir com grossas camadas de pele animal. Botei fé. Pode ser que a gente dê um exemplo disso em breve, se bobear com temperaturas negativas para não deixar dúvidas ein, que tal?

     Se quiser saber mais sobre o trabalho delas é só curtir a fanpage AQUI ou o Instagram delas AQUI. Pode fazer uma visita no atelier delas também que fica na rua Voluntários da Pátria, 763, em Pelotas.

     Bom, vou parar de falar aqui e partir logo para as fotos. Mas antes aperta o play aqui embaixo para criar aquela atmosfera bacana. 

     Até!

Debora Stolz: Harper is coming

     Minha cidade natal sempre se apresenta com boas surpresas. Semanas atrás fui para Pelotas fotografar um casamento e resolvi passar a semana. Acabei conhecendo a Debora, arquiteta, também natural de Pelotas, mas que mora em Londres a 24 anos. Ela está esperando a Harper que deve chegar ao mundo em alguns dias. Proprietária de uma das residências mais antigas da região, ela adquiriu a antiga charqueada que foi do Barão de Butuí, as margens do Arroio Pelotas, já em ruínas. Uma figueira crescia onde hoje é a sala e onde existe agora uma lareira linda, a galera fazia fogueira com as madeiras que sustentavam o telhado.

     Quando pensamos em fazer umas fotos, nossa ideia era juntar tudo que faz sentido para ela nesse momento: a espera pela Harper, a casa na terra natal (agora já reformada), a imersão no mundo da arquitetura... e eu teria um final de tarde para juntar todas essas peças. Por sinal, um breve e lindo final de tarde.

     O resultado foi esse. Tks Deb!

Ananda & Leandro: Noivado em São Paulo

     A sequelada do ano. Você vai precisar ler isso aqui, senão não vai entender nada.

     Por um período da minha infância e adolescência, fazia um percurso quase que diário da minha casa até um mercado próximo para comprar algo que precisasse ou que me minha mãe pedia. Era o mercado mais próximo da minha casa. No caixa, as vezes tinha uma menina, que eu sabia que era filha da Inara, proprietária do mercado, três talvez quatro anos mais nova que eu, nome dela era Ananda. Nos cumprimentávamos e nos entendíamos bem. Foi assim por um bom tempo. Acabamos estudando no mesmo lugar no segundo grau e também na faculdade, mas sempre em épocas diferentes. Quando ela iniciava os estudos lá, eu estava terminando. Não tínhamos muitos amigos em comum, mas eu sempre sabia, talvez pelas nossas mães, por onde ela andava.

     Depois da faculdade, peguei outro rumo e me afastei de muita coisa. Vim morar na Praia do Rosa por um tempo e comecei a fotografar, viajar... Nunca mais tive contado com a Ananda ou com a Inara.

     Outubro do ano passado. Manhã do dia 5. Havia feito um café e me sentei na minha bancada de trabalho para responder algumas mensagens. Uma delas era de uma menina me solicitando orçamento para seu casamento em São Paulo, mas que ainda não tinha data. Nome dela era Ananda, mas eu não liguei o nome a pessoa. Não tenho o hábito de entrar em um perfil para ver qualquer foto e identificar alguém. Respondi, falei sobre os casórios em SP e como normalmente funcionavam e segui fazendo minhas tarefas do dia.

     Final de novembro. Recebo a resposta dela, dizendo que havia encontrado o lugar para se casar e que o casamento iria ser ao ar livre. Ótimo. Mas foi no início de dezembro que eu estava em Pelotas, na casa de meus pais, que minha tia Neli me perguntou "Jeff, a Ananda entrou em contato contigo?". Tenho dificuldade em decorar nomes de pessoas que entram em contato por email ou mensagem, então respondi "Nanda (de Fernanda)? Não lembro de nenhuma Fernanda tia". "Parece que ela está morando em SP e vai se casar por lá". Pronto, liguei todos os pontos ali. A Ananda, filha da Inara, é quem estava entrando em contato comigo e vai se casar lá em SP. A Ananda vai se casar... Vai se casar lá em SP... Ananda vai se casar... Ananda vai se casar... Fiquei muito feliz e muito grato por aquela menina que fez parte, mesmo que de um modo tão sutil da minha vida, tenha se lembrado e me chamado pra fazer parte de um momento tão legal da história dela. E eu fixei isso na minha cabeça.

     Janeiro desse ano, alto verão. Fazia dias quentes e no meio da manhã já passava de 30 graus. Eu me preparava pra descer pra praia quando recebo uma mensagem no Whats dela "Tu tem o dia 18/03 livre pra fotografar meu noivado?". Respondi rapidamente e desci pra praia. Durante o desenrolar dessa conversa, simplesmente esqueci o termo "noivado" e foquei no casamento dela. Ela fechou a data e sinalizei na minha agenda - CASAMENTO da Ananda.

     Já era noite e chovia uma garoa fina em Congonhas. Eu aguardava o Uber na saída do aeroporto enquanto pensava em dormir cedo para acordar cedo e aproveitar o dia com ela e o Leandro, que ainda não conhecia. Essa tática acabou não funcionando, encontrei alguns amigos em um hostel próximo à paulista e fui dormir tarde, agitado, para acordar cedo e igualmente agitado. Tomei um café da manhã reforçado e um café preto forte, saí para rua para pedir um carro e fui em direção ao "casamento" da Ananda e do Leandro, por volta de 09:30h da manhã. Nas minhas anotações, tudo iria se desenrolar no prédio dela, um lugar bonito, na Vila Olimpia, próximo ao Parque do Ibirapuera. Subi ao décimo quinto andar e fui recebido na porta por ela e pelo Leandro. Inara também estava lá. Conversamos bastante e contamos brevemente tudo que havia se passado nos últimos anos.

     E um certo momento, descemos até onde tudo aconteceria. Em um andar inferior, quando o elevador se abriu, um extenso salão branco e moderno se estendia a minha frente. A minha esquerda, uma parede inteira de vidros me deixava claro que eu estava no centro de São Paulo. Prédios, construções, helicópteros sobrevoando e disputando espaço no ar com os aviões que desciam no Aeroporto de Congonhas, lá na frente. Ninguém no espaço, com exceção das pessoas que montavam a decoração, toda em tom de verde e branco. Uma mesa minimalista e de muito bom gosto acomodava um bolo. Me aproximei para fazer uma foto e logo atrás do bolo vi delicados macarons verdes decorados com a frase - Save the Date - Recompus minha postura e por cima do bolo vi outros macarons iguais que diziam - 04/11.

     Save the Date... 04/11...

     SAVE THE DATE

     04/11... QUATRO DE ONZE...

     Foi nessa hora que me lembrei daquela conversa no Whats, na manhã de janeiro - Noivado. Claro, eu estava no noivado da Ananda. Ela havia escolhido se casar no final do ano e resolvido fazer agora somente o noivado. Havia me falado isso, mas na minha cabeça e na minha agenda... A Ananda vai casar.

     Durante o dia. Conheci o Leandro e a família dele, conversamos e contamos histórias e gastei o dedo fotografando tudo de uma maneira bem discreta. A noite nos despedimos e combinamos de nos encontrar na tarde do domingo para dar uma volta, conhecer alguns lugares e fazer algumas fotos.

     Fui para rua, o Uber já me esperava na porta. Coloquei minha mochila no porta-malas, me sentei no banco do carona, apertei a mão do Thiago, dei um olá para a menina que estava sentada no banco de trás, olhei rapidamente para o prédio da Ananda e do Leandro e pensei: Se o noivado foi assim, imagina o casamento o que vai ser!

     Mas não vai para as fotos dessa primeira parte sem dar o play aqui embaixo, beleza?  

     Acostumado a fotografar em lugares tranquilos e pacatos, então pensei - é claro, Parque do Ibirapuera em uma tarde de domingo. Nunca vi tanta gente. Mas foi ótimo para testar minha adaptação rápida. São nesses momentos que percebo que seguir padrões estéticos pré-definidos para fotografar não funciona. O que funciona é estar atrás da câmera presente no instante e sensível a perceber as belezas que estão nos rodeando o tempo todo, independente do lugar e da circunstância.

     Percebi também que São Paulo é cinza só pra quem vive entre quatro paredes. São Paulo pulsa, tem cor...

     Gratidão me define.

     Obrigado pela lembrança Ananda. Foi um prazer te conhecer Leandro.